Dominação Psicológica no BDSM
- Sacher (contato: leopoldoverne@outlook.com)
- 13 de out. de 2017
- 4 min de leitura

Por eu ser psicólogo, muitos me perguntam se é possível realizar a dominação através do psicológico e eu sempre falo que tudo no BDSM é psicológico e a segunda pergunta é obvia como eu posso dominar alguém psicologicamente?
Essa questão abrange tantas outras coisas que de início eu já falo: Não existe uma regra ou receita de como fazer, temos que conhecer o processo que leva uma pessoa a se deixar ser dominado, esse é o primeiro passo. O masoquismo ou submissão é algo que vem de dentro do sujeito, ele tem essa necessidade por diversos motivos e, portanto diversas formas de se entregar, por isso que a prática costuma-se dizer que se divide em 3 grandes grupos, humilhações verbais, servidão e punições físicas, sendo que a terceira envolve as outras duas e portanto devemos nos focar nas humilhações e tipo de servidão.

Ninguém pode acreditar que existe uma receita pronta onde se segue os passos e o submisso vai obedecer cegamente o Top porque está psicologicamente dominado, ledo engano, inclusive vai até parecer que o Top é quem está a serviço dos desejos do Botton, já que o propósito é atender a demanda do desejo do outro, de quem vai se submeter, mas isso não procede, pois cada qual terá seus desejos satisfeitos caso o processo se concretize, mas fixaremos agora no que é o desejo do submisso, porque o do Top é obvio, dominar psicologicamente, transformá-lo em seu escravo, animal (pet) ou peça e obedecerá todas as ordens e desejos mais íntimos. É comum ler coisas como:"desejo ser moldada(o) a gosto de meu dono(a)", "quero ser lapidada(o)", "quero viver para servir as vontades de meu dono(a)", "a(o) verdadeira(o) submissa(o) é espelho de seu Senhor(a)"e etc.

O desejo de ser submisso a alguém pressupõe que ele carrega um tipo de culpa interna que esteja relacionado com sua sexualidade, pois tudo envolve devoção a uma pessoa que irá amar com propósitos eróticos, essa é a base do sadomasoquismo e do BDSM, um jogo onde há troca de poderes consentido por ambas as partes. Esse alguém está com sua vida perfeita, boa alto-estima, relação social aceitável, mas entre 4 paredes que algo mais e precisa de seu parceiro com desejos de saciar essa necessidade, portanto temos que descobrir o que ele gostaria de escutar de seu algoz e temos algumas dicas.

Para iniciar qualquer dominação, o Top deve se colocar de forma superior a sua vítima, mesmo que essa seja dotada de poder financeiro e cultural e esteja no topo da hierarquia social com algum cargo que o valha, sempre terá uma fraqueza, algo que o desestabiliza e ele caia de 4 para que o domina. Basta o fato de ele procurar um Top já é a dica que ele tem esse ponto fraco e a pegada é certeira ao dizer em poucas palavras essa constatação, tipo: “Você está diante de um ser superior a você, portanto aja como tal, como um verme”. Temos que ter cuidado em escolher a palavra para despersonalização porque chamar alguém de verme, cadela, puta, estrupício, imprestável, capacho, lixo ou qualquer outro termo que o colocado abaixo do que se costuma ser faz com que seja criado um prazer para o masoquista e tem que ir de encontro do que ele deseja ser. Essas palavras por si sós, nunca serão elogios, mas é o que vai dar um insigth e ele se sentirá humilhado e excitado, pois ele se despe de sua personalidade e de seus valores para assumir aquele prazer em ser tratado como um pequeno nada.

Caso isso reverbere positivamente, passamos para o segundo passo que é intensificar ainda mais o sentimento de que sem o Top ele não é nada e portanto é aqui que devemos maldar o que desejamos, transformá-lo no que está na sua imaginação ou fetiche. Muito fácil é o homem desejar ser feminizado ou invertido, ser empregado doméstico ou situações mais ligadas ao papel feminino numa sociedade machista, daí é um pulo para se entregar, mas sujeitos mais complexos que desejam ser despersonalizados de seus valores para ser degradado publicamente e em demais atividades que fogem de seu papel original, onde jamais o faria, um total desapego de si próprio, ai temos que analisar o que ele traz no seu discurso.

Geralmente eles respondem afirmativamente: “Sim, eu sou um ser insignificante e a senhora detém o poder de me dar uma função...” nesse ponto é fundamental dar continuidade a sua fantasia, e portanto saber bem os conceitos de despersonalização e desumanização. Sim, porque a grande quantidade de homens, principalmente, gostam de ser despersonalizados pela impotência sexual, ser dito que ele nunca consegue satisfazer uma mulher, e por ai para pior ou ser chamados de corno manso (cuckold) e as mulheres curtem mais ser pet de seu dono. No petplay, o bottom se descaracteriza de seu eu humano e interpreta um animal da forma mais fielmente possível que ele conseguir.

Outro tipo de desumanização é a objetificação, serem tratados como mobílias ou objeto útil ao Top,desde ficar de quatro e servir de banquinho ou apoio para pés, até apoiar ou segurar objetos enquanto serve de mesa e o que mais vier a imaginação.
Finalmente temos os castigos, aplicados tanto como disciplina, ou para que o botton demonstre a total submissão ao Top e cada castigo deverá ter a prova por fotos, web cam ou relatos detalhados e o que vai ser realizado pelo botton fica ao gosto do Top. Aqui o Top já tem que se sentir seguro ao ver que o Botton está respondendo aos estímulos da dominação psicológica. O Top inflige castigos para inspirar temor e autoridade durante as negociações antes de um encontro real, mas tem que estar em conformidade com os limites e o que o botton expressou gostar, quer dizer, ele deve apreciar tais comandos e ordens, além do que o Top deve se mostrar alguém interessante, divertida e que demonstra carinho, zelo e proteção a seu bottom.
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