Feminização e Sissy no BDSM
- Sacher (contato: leopoldoverne@outlook.com)
- 9 de nov. de 2017
- 4 min de leitura

Na prática do BDSM em que falamos de dominação & submissão, o pensamento inicial para homens heteros ou bissexuais é se tornar escravo de uma dominadora, um escravo doméstico e ser invertido para se obter prazer, diferente da prática mais voltada ao S&M, que o foco é ser surrado, a erotização da dor, no D/s o foco é a entrega do poder a um Top. O fato é que ser um real escravo masculino de uma mulher dominante nos dias de hoje remete a ser um serviçal doméstico ou algo próximo a uma empregada doméstica.
Devemos observar que é evidente que o trabalho doméstico é visto com muita atenção e está longe de ser discriminado como algo menor ou de uma classe mais inferior, pelo contrário, estamos vendo a valorização dessa categoria e até a escassez de profissionais nessa área e até a valorização nos salários de diaristas ou empregadas registradas em carteira.
Por essas e outras é que o sonho de consumo de uma mulher que está na vida produtiva desejar ter uma escrava

que seria sua empregada doméstica, uma Sissy como se diz por ai. Por outro lado, existe uma demanda de homens que trem o fetiche de se vestirem de mulher e se entregar a uma mulher cruel e tirânica como submissos e essa convergência de interesses desemboca inevitavelmente na inversão, colocada por muitas dominadoras que entrevistei como sendo o clímax da entrega de um homem ser invertido por elas e do lado de quem curte, o prazer máximo de ser dominado, mas chegar a esse ponto é muito esforço de ambas as partes e portanto irei enfatizar nesse artigo apenas o lado do submisso homem que deseja se entregar como escravo real a uma dominadora mulher.
Existe uma diferença entre feminização em si e Sissy. Um homem que gosta de usar calcinhas de mulher, pode buscar algo mais nesse fetiche ao completar usando uma peruca, vestido de mulheres e sapatos femininos e até maquiagem. Já li entrevista de homens que iniciam sua transformação na feminização em lojas brechó e depois vai se aprimorando.


Uma Sissy é algo muito diferente, pois o homem que se pretende ser Sissy tem na sua mente o desejo de ser “submissa” a alguém, ser usada e buscam a perfeição na vestimenta feminina, como se fosse uma boneca. Na maioria dos relatos de sissys no Brasil é claro que esses homens são masoquistas e preferem que suas donas os transformem naquilo que elas tem em mente, já que são mulheres e sabem mais de como deve se vestir, maquiar ou comportar-se. Dessa forma, já fica evidente que a tarefa é muito mais árdua para o submisso, pois ele vai ter que se submeter ao que a dona determinar que use e faça. Obviamente nada que se faça não foi negociado anteriormente entre ambos, isto é, tudo é consensual, mas tem situações inesperadas ou imprevistas e ai vale o bom senso.
Ser uma Sissy envolve algo evidente que será passível de ser público, isto é, uma Sissy criada pela dona ficará a seu dispor, na sua casa ou na dela e pessoas ligadas ou não ao BDSM irá ver a relação, seja como uma empregada doméstica ou serviçal, é muito estranho na nossa sociedade ver um homem vestido de mulher servindo outra mulher, mas essa é para muitos o desejo e a demonstração máxima do poder de sua dona, exibir sua obra a outros, notadamente o exibicionismo faz parte dessa prática.

Dessa forma podemos ver a diferença entre uma feminização ou Cross Dressing em inglês de uma Sissy, entendendo que a feminização é fruto do desejo de alguém e ele próprio irá se transformar e nem sempre é necessário se submeter, mas a Sissy é a transformação de uma pessoa masoquista em uma boneca pelas mãos e desejo de sua dona. Algo a se salientar é que se tornar Sissy não é uma punição, mas o desejo de ambos e que a dor, ser púnica fisicamente está mais ligado na prática da disciplina e treinamento do que no prazer, na erotização da dor dos masoquistas, embora na situação de D/s ser punida pela dona com motivos reais é uma forma de prazer e demonstração do poder da dona e humilhação do submisso Sissy.

Posto toda teoria acima, temos que colocar pontos básicos da prática. Para ser Sissy não basta usar calcinha e sutiã e um vestido. Como as mulheres tem curvas, se faz necessário usar uma cinta modeladora e ao usarem já é um momento de puro prazer. Quanto a mama, ou a falta dela, existe grupos que podem ajudar a comprar tais próteses, principalmente grupos como “Amigas do peito” que fornecem próteses mamárias para mulheres que foram mastectomizadas devido a câncer de mama. Ai vem a peruca, sapatos e acessórios que inicialmente compra-se me brechós até que a dona vai formando como desejar sua sissy. Uniformes de empregadas, tipo French Maid é facilmente encontradas em Sex Shop.

Como vimos, diferente da maioria das práticas BDSM, essa tem um custo elevado. Dependendo do desejo da dona, se é uma peruca fantasia de carnaval ou se é algo mais requintado, se são sapatos femininos ou se é um salto alto, cada coisa que se monta vai ter um preço e um prazer imenso para ambos, já que esse tipo de relação se pretende ser algo mais permanente e duradouro.
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