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Paixão no BDSM

  • Sacher (contato: leopoldoverne@outlook.com)
  • 20 de dez. de 2017
  • 5 min de leitura

Quando alguém se entrega a um Top se entrega por paixão ou por desejo de se submeter? Precisa amar seu Top para uma real entrega? Essas questões são colocadas pelo ponto de vista baunilha, que para se juntar a alguém tem que se apaixonar e amar pelo resto da vida. O BDSM é definido com,o um jogo para adultos e com regras e normas onde na relação se pretendo a busca da dor sofrimento, submissão e entrega a outro ser que será seu algos e nem sempre por um tempo determinado, mas somente uma sessão ou mais, que pode durar uma hora ou um dia, enfim, temos uma gama de variações desse jogo que o amor não está cogitado, mas será que importa?

Na minha visão um Top tem uma necessidade e capacidade quase que compulsiva em usar de seus atributos, de dominar, castigar, judiar ou simplesmente humilhar como ele bem sabe fazer sem que necessariamente precise amar sua peça, embora ele tenha que conquistar e portanto deve existir amor ou pelo menos misericórdia e empatia, senão não rola. Existem relatos de submissos e que não são poucos que falam que depois de um a dois anos de relacionamento com o Top- ele fica mais mole quando se apaixona pela peça, ele perde seu sadismo e a relação se esvai.

O lado oposto é o contrário, o botton geralmente se apaixona a primeira vista pelo Top, seja pela sua fama, seja pelo seu estilo de vida, seja por ter sido conquistado. Eu creio que não deve haver prazer em servir, ser espancado ou humilhado por alguém que não sinta amor ou paixão, mas afinal, qual a diferença de paixão e amor?

Jacques Lacan foi ao psicanalista que deu maior atenção ao amor-paixão saindo do que se vinha falando até então de que amor é desejo sexual ou sobre o amor do filho e da mãe, mas sim o amor pelo seu parceiro. Para Lacan, que buscou conceitos básicos na obra clássica de Platão “O Banquete” chega a frase “o amor é o desejo do outro”, isto é, quem amar passa a ser o que o outro deseja dele e para ele, se perde no outro e no nosso caso passa a ser escravo dos desejos do outro.

O apaixonado é um fraco e isso vem desde os escritos de Platão. Para ele a paixão tem uma visão negativa, quem se entrega para uma paixão é um agente akrático, isto é, dominado pela fraqueza da vontade onde a paixão domina seu comportamento descabido, impetuoso deixando que domine sua mente, seu comportamento e portanto deixando de ser racional ou com um comportamento coerente com um filósofo, mantendo um comportamento desregrado em prol a seu tesão levado pela excitação sexual.

O agente akrático, aquele que é incontinente, não consegue conter-se e mudando seu rumo quando se apaixona. Platão explica que a pessoa vem vivendo uma direção, uma determinação, um objetivo de vida tendo um comportamento exemplar e de repente surge uma paixão e interrompe seu comportamento e sua vontade perde sua determinação, ele vinha caminhando em uma direção para fazer o que é certo e sede diante de uma paixão e para Platão, discordando de Socrates, não há nada que explique isso como disse seu mestre, mas que simplesmente ele é fraco em suas determinações então essa pessoa que muda tudo na sua vida por uma paixão tem fraqueza da vontade, enquanto Socrates fala que o que se tem é uma mudança de percepção, de pensamento de conhecimento e jamais fraqueza da vontade.

Seja Platão ou Sócrates, nós vemos relatos de pessoas que, devido a hipocrisia da nossa sociedade, que não aceita bem o estilo de vida BDSM, chega um momento da sua vida e cede pelos seus instintos mais básicos e muda radicalmente se entregando ao BDSM de corpo e alma, não por uma paixão, mas por uma outra razão , isto é, por um conhecimento que fará sentido para ele, conhecendo o BDSM ou um praticante e simplesmente não para mais. Tanto Sócrates quanto Platão condenam o comportamento desregrado de uma pessoa akratica porque priorizem o tesão e a excitação sexual deixando de lado o espírito, aqui entendido como razão, em relação ao corpo, aqui

obviamente vemos que a esmagadora maioria mantém uma vida dupla e coloca o BDSM como apenas um jogo que se joga quando pode e quando quer, mas os que se entregam numa relação 24/7, na sua esmagadora maioria os bottons, entram contudo na paixão e não estão nem ai para o que os outros vão pensar. Top também se apaixona claro, porque não iria manter um botton em tempo integral somente porque ele é o adorado, mas ele tem que preservar o tesão acesso e portanto no mínimo precisa amar. Amar no sentido de desejar, querer bem, querer ficar com tal pessoa.

Uma coisa a se discutir sobre esse assunto é sobre manter um casamento e uma relação 24/7, não é aceito bigamia no

Brasil, como BDSM é um jogo com regras, pode-se dizer que o relacionamento Top botton seja um jogo, mas de qualquer forma seria adultério, ou se entra e sai da relação baunilha ou corre-se o risco, nunca vi algo que chegou a esse ponto legal.

Algumas situações inusitadas e que vem tomando campo em relatos é o que chamamos de dominação por baixo, que seria um botton praticante e conhecedor do corpo BDSM, já com experiência se apaixonar por uma pessoa baunilha por “n” motivos, mas principalmente porque ele acha que tem potencial e quer torná-la Top. Claro que para isso tem que buscar um tutor e se essa baunilha deseja mesmo ser Top tudo bem, o que é incoerente que o botton seja seu tutor, porque ficamos numa situação onde quem manda em quem?

Finalmente o caso dos podólatras. Em outro post já coloquei que desde o século XIX Freud já havia feito ligação entre podolatria e sadomasoquismo. Podólatra é o amante por pés, é uim fetichista e se desdobra para adorar os pés de alguém que tem esse feitiço. Na nossa sociedade alguém falar que está aos pés do outro, ou desejar beijar os pés de alguém é no mínimo um sinal de submissão, mas não é isso que os fetichistas acham, que beijar ou adorar pés é tão normal quanto beijar mamas ou bumbum. Nesse caso a maioria esmagadora é de homens desejando pés de mulheres, raro ver uma mulher desejar pés

masculinos ou femininos, mas convenhamos, quando alguém deseja ardentemente os pés de uma moça está numa posição submissa a ela ou ao pé dela e não é raro bottons serem fetichistas e se apaixonarem por pés de outra botton ou mulheres declaradamente submissas. A situação é uma sinuca de bico, pois ou ele se torna switcher e passa a dominar a botton para ter os pés dela em sua boca ou ela se sente superior e depois de conquistada terá a tal dominação por baixo. De qualquer forma a paixão comanda o comportamento.

 
 
 

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